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quinta-feira, 29 de julho de 2010

Sentidos Sextos

Dos seis que existem, aquele que é imaterial continua a ser o que maior desconforto me provoca. Talvez por ser o mais fiel. E eu, mesmo não tendo sempre razão, raramente me engano.

[Dani Arruda]

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Palavras

Palavras também precisam nascer. E elas precisam queimar em têmperas macias. Precisam perder o juízo. Precisam sofrer na hora do parto. Palavras precisam chorar quando sentirem dor. Palavras precisam e devem morrer! Palavras precisam existir, tocar, pousar, fazer pensar, querer mudar, perdoar, pedir perdão. Palavras precisam de horizontes, de sol quente, de vento forte, de chuva, de brisa leve, de arco-iris. Palavras precisam aprender a voar. E precisam de alimento, de banho, de descanso e de festa. Palavras precisam de voz, de dedos, de sonhos e segredos. Palavras precisam de entrega, de cura, de medo, de solidão e de receio. Palavras precisam de tempo! Precisam de tesão, de castigo, de desejo e de fartura. Palavras precisam de amor, de magia e de fúria! A minha e a sua.

Palavras precisam de tinta, porque a vida tem a cor que a gente pinta!
[Dani Arruda]

... ando em uma daquelas fases onde não há tempo para fazer tudo o que há para fazer, no entanto, vivo aquela fase maravilhosa de fazer tudo que posso e me sinto absolutamente completa! ...

domingo, 4 de julho de 2010

Quando eu abri meu coração



Um dia (exatamente dia 25/12/2008) eu olhei ao meu redor e percebi que estava faltando alguma coisa. Eu estava rodeada de pessoas queridas e que eu amo incodicionalmente (pai, mãe, irmãos, primos, tios, vó, amigos), mas naquele dia, senti um vazio enorme dentro do meu coração. Senti a ausência de alguém pra amar. E naquele dia, eu decidi que estava na hora de abrir o coração. Já era hora de decidir querer ser amada e amar. E quando eu fui pra casa, naquela madrugada quente mais chuvosa, eu me deitei na cama e criei o meu namorado (imaginário).
Ele não fuma, é mais velho do que eu, é bem alto, não tem história mal-resolvida com ninguém, gosta de dormir, ama assistir filmes agarradinho no sofá, aprecia uma boa culinária, é absolutamente encantado pelas coisas pequenas... um cheiro, um beijo, um carinho, um girassol. Esse meu namorado imaginário tem o sorriso mais bonito do planeta. E quando ele me abraça eu me sinto mais perto de Deus. E a gente se encontra naquele intervalo entre as coisas que são ditas e aquelas em que as palavras não alcançam e se transubstancia em cores, aromas, cometas, estrelas, galáxias, incandescências... imanências. Um namorado que não desconfia, não investiga e não acusa. A gente se entende pela saliva, pelo olhar, pela pele, pelo coração, nosso tesão começa na alma só que explode. Ele apóia meus sonhos mesmo não concordando com eles. Ele é um homem que admiro tanto que nem é possível descrever com palavras. Ele me surpreende, mas sem inventar, sem exagerar. Me ensina ser uma pessoa melhor e me entende quando eu não consigo. Porque ninguém consegue às vezes. Nem ele. Com ele não tem regra, não tem pressão, não tem chantagem. Só amor, o amor que faz crescer. E esse meu namorado imaginário fica, se permite, se entrega, se compromete. Ele é presente e me apresenta para todos os parentes. Ele não é perfeito, mas é real e faz parte de mim.

(...)

Seis meses depois eu conheci alguém e reconheci nele meu namorado imaginário! Foi imediato, assustador e inevitável. Ele saiu da minha imaginação, tal qual massinha de modelar, pulou na cadeira e criou forma: pés, pernas, coxas, barriga, !!!!, mãos, braços, pescoço, cabelos, olhos, boca, nariz (e nessa hora a massinha ficou meio torta), cílios, pêlos, unhas... e entrou no meu coração. Ele era real e estava bem ali na minha frente, falando mais do que cem bocas podiam falar, me olhando de canto de olho, escondendo o medo e ansiedade pra dentro do peito. E no Natal de 2009 eu não estava mais sozinha. Não senti aquele vazio. Me senti em paz.  E aprendi que quando você abre seu coração (para o amor, para a paz interior, para a auto-estima, para a amizade, para a família, para o perdão...) ele faz a parte dele e lhe dá exatamente aquilo que você acha que merece. A questão é quando passamos a acreditar que merecemos o melhor, quando essa certeza chega, é impressionante: a gente simplesmente relaxa e solta! E quando solta, o medo começa a diminuir, e a gente começa a compreender que está tudo certo, mesmo quando não temos a menor idéia de que “certo” é esse. Mas quando menos esperamos, tudo fica absolutamente claro! E por tão belamente ter me permitido essa constatação – de que eu mereço o melhor – eu reconheci meu grande amor. Tão imperfeito como eu e qualquer outro ser humano, ele entrou na minha vida, acariciou minha alma e renovou meu coração.
Hoje ele completa mais um ano de vida e a única coisa que posso fazer, além de lhe dedicar um dos meus singelos textos, é orar à Deus agradecendo o maior presente que Ele poderia ter me dado e pedir encarecidamente que Ele me ensine e me ajude a fazer deste homem, o homem-mais-feliz-do-mundo!

Cherry, te amo pra sempre!

[Dani Arruda]