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quarta-feira, 30 de junho de 2010

Hora de soprar as velinhas

Está chegando o dia de apagar as velinhas e literalmente ficar mais velhinha!
Outro dia, ouvi uma pesquisa na Nova Brasil FM que perguntava:
Você gosta de comemorar seu aniversário ou fica deprimido nesta data?
E me lembro de ter ficado surpresa em pensar que alguém poderia se deprimir ao comemorar mais um ano de vida! 
No entanto, pensando bem, somos seres tão diferentes, porque a surpresa?
Talvez porque eu simplesmente amo comemorar meu aniversário e vejo esta data por várias óticas.
Pra começar é um dia especial, um dia meu e nada tira isso de mim. 
É o dia em que eu nasci, o dia que voltei à Terra, o dia de recomeçar.
Amo comemorar a vida, apesar de todos os pesares, a vida, pra mim, é um presente inestimável e amo sim comemorar. 
Mesmo que com ele, venha mais quilos, mais rugas, mais pernas cansadas, mais preguiça, não importa, porque também mais sabedoria, mais paz interna, mais amor próprio, mais equilíbrio, mais sabedoria e mais vida!
Adoro apagar velinhas, adoro receber os parabéns, os recadinhos, os presentes, os abraços, os beijos e tudo mais que o dia no nosso aniversário nos proporciona.
Dia 02/07 completo 31 anos de vida e quando eu olho pra trás, pra hoje e pro amanhã, eu sinto do fundo da minha alma que valeu, vale e sempre valerá apena viver tudo o que se há pra viver!

 


Dani Arruda






quinta-feira, 24 de junho de 2010

Saudades

“Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida.”
Clarice Lispector
 
Oooo saudade do meu amor!!!
 
 
 

terça-feira, 22 de junho de 2010

Mutações

"Quem é você?, perguntou a Lagarta. Não era uma maneira encorajadora de iniciar uma conversa. Alice retrucou, bastante timidamente: Eu - eu não sei muito bem, Senhora, no presente momento - pelo menos eu sei quem eu era quando levantei esta manhã, mas acho que tenho mudado muitas vezes desde então. O que você quer dizer com isso?, perguntou a Lagarta severamente. Explique-se! Eu não posso explicar-me, eu receio, Senhora, respondeu Alice, porque eu não sou eu mesma, entende?"
"Eu receio que não posso colocar isso mais claramente", Alice replicou bem polidamente, "porque eu mesma não consigo entender, para começo de conversa, e ter tantos tamanhos diferentes em um dia é muito confuso." "Não é", discordou a Lagarta. "Bem, talvez você não ache isso ainda", Alice afirmou, "mas quando você transformar-se em uma crisálida - você irá algum dia, sabe - e então depois disso em uma borboleta, eu acredito que você irá sentir-se um pouco estranha, não irá?" "Nem um pouco", disse a Lagarta. "Bem, talvez seus sentimentos possam ser diferentes", finalizou Alice, "tudo o que eu sei é: é muito estranho para mim. E a largata respondeu: nossos comportamentos só dependem dos outros, por isso estamos mudando constantemente.
(Alice no País das Maravilhas)

In-COMPLETA

"Mas não sou completa, não.
Completa lembra realizada.
Realizada é acabada.
Acabada é o que não se renova a cada instante da vida e do mundo.
Eu vivo me completando...mas falta um bocado.".

Clarice Lispector .

Novos Caminhos

" A pé e de coração leve
eu enveredo pela estrada aberta,
saudável, livre, o mundo à minha frente,
à minha frente o longo atalho pardo
levando-me aonde eu queira.
Daqui em diante não peço mais boa-sorte,
boa-sorte sou eu.
Daqui em diante não lamento mais,
não transfiro, não careço de nada;
nada de queixas atrás das portas,
de bibliotecas, de tristonhas críticas;
forte e contente vou eu
pela estrada aberta.
A terra é quanto basta:
eu não quero as constelações mais perto
nem um pouquinho, sei que se acham muito bem
onde se acham, sei que são suficientes
para os que estão em relação com elas.
(Carrego ainda aqui
os meus fardos de delícias,
carrego - mulheres e homens -
carrego-os comigo por onde eu vou,
confesso que é impossível para mim
ficar sem eles: deles estou recheado
e em troca eu os recheio."

Walt Whitman

Aprendizados....

Reconhecer o amor não requer tato e sagacidade. Amor não é vendido em frascos, não chega pelo correio nem dá pra sacar no caixa eletrônico do shopping. Não vem com letreiro luminoso, não bate ponto na esquina e tampouco se identifica na portaria. Amor chega sem avisar - e a gente sabe que chegou só de olhar pra ele. O mais difícil, no entanto, é mantê-lo. E, para tanto, alguns insights são sempre bem vindos.

Quem decide embarcar precisa se certificar de que a viagem para o mundo dos sonhos inclui a passagem de volta; idealizar demais um relacionamento é invariavelmente a caminho mais curto para uma bad trip. Projetar no outro a responsabilidade pela própria felicidade afugenta até o mais bem-intencionado dos apaixonados – além do mais, ser de carne e osso inclui no pacote uma série de defeitos de fabricação e uma boa dose de imprevisibilidade. Cada ser indivíduo é potencialmente uma caixinha de surpresas. Ou de Pandora.

Ser fã do Smashing Pumpkins quando a outra metade da laranja é Bruno-e-Marrone-maníaco não é necessariamente sinônimo de um fiasco amoroso; vale a pena lembrar que um dos casamentos mais sólidos desde tempos imemoriais – o da dupla feijão com arroz – é apenas um em meio a tantos casos de antíteses que se complementam. Se é verdade que os opostos se atraem, com os opostos dispostos essa máxima funciona melhor ainda. As diferenças, muitas vezes, estão longe de significar desavenças, bem como semelhanças podem não ser garantia de afinidades. Almas gêmeas nem sempre são univitelinas...

Importante, mas nem sempre lembrado: ignorar solenemente a famigerada família das conjunções adversativas – “mas”, “porém”, “contudo”, “todavia” e todos os outros parentes que impõem restrições. Amor não gosta de senões. Fazer a pessoa amada fugir como o diabo foge da cruz? É fácil: é só virar um chiclete, daqueles bem grudentos. Se a intenção for justamente o contrário, melhor deixar livre, pero no mucho... afinal, descontados os trocadilhos, desde que o mundo é mundo o olho do dono é que engorda o gado.

Beleza só é fundamental no poema; o ser humano vale mesmo pela “decoração de interiores” – o que não quer dizer que está liberada a temporada de autodestruição. É preciso zelo consigo mesmo: arrumar-se, perfumar-se, mimar-se. Descobrir-se para, então, revelar-se. Curtir-se. Amar-se pelo que se é – dessa forma será possível amar no outro o que realmente ele tem a oferecer ao invés de uma utopia. Também é interessante sublimar aquele velho hábito de interessar-se por “tipos”: quem tem tipo é máquina de escrever. Que, por sinal, virou peça de museu.

Por fim, mas não menos importante: amor e medo não combinam. Caiu? Levante, ora. A vida é correr riscos... ninguém vem ao mundo com garantia anti-sofrimento. Amor é, sobretudo, querer amar. E, se chorar, faz parte, recomeçar também.

Dani Arruda 

terça-feira, 8 de junho de 2010

Dia dos Namorados

O Dia dos Namorados está chegando! Para muitos é uma data para ser esquecida, para dormir até bem tarde ou arrumar tanta coisa pra fazer que quando notar já será um dia normal outra vez. Eu sei, porque alguns anos foram assim. Tristes. Solitários. Mas isso me faz pensar o quanto estamos com valores trocados e como fomos intoxicados por preconceitos e medos que nos impedem de ser felizes. Eu conheço tanta gente maravilhosa, mulheres lindas, inteligentes, responsáveis, independentes e sozinhas. E sozinhas com aquele plus: porque quer. E como conheço caras bacanas, que ao contrário do que a sociedade impôs, não são canalhas-sacanas. São homens simples, sinceros, honestos e muito inseguros mas que também querem alguém pra vida toda. E agora as coisas estão assim: um diz que o outro é que não quer nada com nada e ambos ficam mesmo é de corações vazios e Dias dos Namorados solitários. Eu aprendi uma coisa e que mudou a minha vida: para encontrar um amor, é preciso abrir o coração, acreditar que existe mais gente tão bacana quanto você, não ter medo de ser quem você é e aceitar que ninguém é perfeito. Algumas vezes eu sonhei com aquele romântismo de jantar à luz de velas e declarações eternas de amor, hoje, eu só quero poder olhar pra ele e poder sentir aquela gratidão inexplicável de ser amada e de poder amar. E deixo um texto de Carlos Drummond de Andrade, que me acompanhou escrito numa folha de caderno amarelo quase que pela vida inteira e que hoje eu me desfaço.

TER OU NÃO TER NAMORADO
(Carlos Drummond de Andrade)

Quem não tem namorado é alguém que tirou férias não remuneradas de si mesmo. Namorado é a mais difícil das conquistas. Difícil porque namorado de verdade é muito raro. Necessita de adivinhação, de pele, saliva, lágrima, nuvem, quindim, brisa ou filosofia. Paquera, gabiru, flerte, caso, transa, envolvimento, até paixão, é fácil. Mas namorado, mesmo, é muito difícil. Namorado não precisa ser o mais bonito, mas ser aquele a quem se quer proteger e quando se chega ao lado dele a gente treme, sua frio e quase desmaia pedindo proteção. A proteção não precisa ser parruda, decidida; ou bandoleira basta um olhar de compreensão ou mesmo de aflição. Quem não tem namorado é quem não tem amor é quem não sabe o gosto de namorar. Há quem não sabe o gosto de namorar. Se você tem três pretendentes, dois paqueras, um envolvimento e dois amantes; mesmo assim pode não ter nenhum namorado.
 
Não tem namorado quem não sabe o gosto de chuva, cinema sessão das duas, medo do pai, sanduíche de padaria ou drible no trabalho. Não tem namorado quem transa sem carinho, quem se acaricia sem vontade de virar sorvete ou lagartixa e quem ama sem alegria. Não tem namorado quem faz pacto de amor apenas com a infelicidade. Namorar é fazer pactos com a felicidade ainda que rápida, escondida, fugidia ou impossível de durar. Não tem namorado quem não sabe o valor de mãos dadas; de carinho escondido na hora em que passa o filme; de flor catada no muro e entregue de repente; de poesia de Fernando Pessoa, Vinícius de Moraes ou Chico Buarque lida bem devagar; de gargalhada quando fala junto ou descobre meia rasgada; de ânsia enorme de viajar junto para a Escócia ou mesmo de metrô, bonde, nuvem, cavalo alado, tapete mágico ou foguete interplanetário.
 
Não tem namorado quem não gosta de dormir agarrado, de fazer cesta abraçado, fazer compra junto. Não tem namorado quem não gosta de falar do próprio amor, nem de ficar horas e horas olhando o mistério do outro dentro dos olhos dele, abobalhados de alegria pela lucidez do amor. Não tem namorado quem não redescobre a criança própria e a do amado e sai com ela para parques, fliperamas, beira - d'água, show do Milton Nascimento, bosques enluarados, ruas de sonhos ou musical da Metro. Não tem namorado quem não tem música secreta com ele, quem não dedica livros, quem não recorta artigos; quem gosta sem curtir; quem curte sem aprofundar. Não tem namorado quem nunca sentiu o gosto de ser lembrado de repente no fim de semana, na madrugada, ou meio-dia do dia de sol em plena praia cheia de rivais. Não tem namorado quem ama sem se dedicar; quem namora sem brincar; quem vive cheio de obrigações; quem faz sexo sem esperar o outro ir junto com ele. Não tem namorado quem confunde solidão com ficar sozinho e em paz. Não tem namorado quem não fala sozinho, não ri de si mesmo e quem tem medo de ser afetivo.
 
Se você não tem namorado porque não descobriu que o amor é alegre e você vive pesando duzentos quilos de grilos e medos, ponha a saia mais leve, aquela de chita e passeie de mãos dadas com o ar. Enfeite-se com margaridas e ternuras e escove a alma com leves fricções de esperança. De alma escovada e coração estouvado, saia do quintal de si mesmo e descubra o próprio jardim. Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para quem passe debaixo de sua janela. Ponha intenções de quermesse em seus olhos e beba licor de contos de fada. Ande como se o chão estivesse repleto de sons de flauta e do céu descesse uma névoa de borboletas, cada qual trazendo uma pérola falante a dizer frases sutis e palavras de galanteria.
Se você não tem namorado é porque ainda não enlouqueceu aquele pouquinho necessário a fazer a vida parar e de repente parecer que faz sentido. 
ENLOU-CRESÇA.
[Dani Arruda]



Tributo ao Todo-Poderoso

Eu sei que Ele não precisa de depoimentos medíocres de nós, seres ainda tão subdesenvolvidos espiritualmente. Ele, logo Ele que tudo sabe, tudo pode, tudo vê. Ele que sabe se meus dedos transcorrem palavras que não estão dentro do meu coração ou idéias que não fazem parte da minha mente. Ele que sabe que sim, que embora eu ainda muito a evoluir, conquistei a paz interna de sempre dizer o que penso, doa a quem doer, portanto, posso ser processada por falta de gentileza-sutiliza, etc e tal, mas não por não defender o que é certo pra mim. Mas... voltando ao foco deste post. Ele. Meu amado Pai. Ele que senta na cabeceira da minha cama toda manhã e me chama de maneira tão carinhosa para que eu me levante para mais um dia de vida. Ele que me ouve, me olha nos olhos e me diz a verdade sobre tudo o que preciso saber. Ele que nunca me abandona. Ele que nunca me julga. Ele que sempre me mostra uma luz! Como pode alguém conseguir sobreviver neste mundo sem a fé no Pai Celestial. Como eu o amo! Como eu o louvo! Como eu o sinto tão perto de mim! Obrigada Paizinho! Obrigada pelo amor incondicional, pelas segundas, terceiras, quartas, vigésimas, sextuagésimas chances que me dá de recomeçar, de corrigir os erros, de tentar de novo. Obrigada por estar sempre presente e de tantas maneiras diferentes. Não há nada que eu não seja capaz de fazer sem o Senhor. Obrigada pela oportunidade de voltar e poder melhorar.
Te amo.
[Dani Arruda]

Além das aparências

Decididamente quem vê cara, não vê coração! Nem vê a alma, nem o desespero, muito menos a solidão. Quem vê cara, não vê os nós na garganta, os pelos arrepiados de medo ou hesitação, quem vê cara, não vê coração! Não que essas coisas não sejam transparentes, mas o que as outras pessoas gostam mesmo são das evidências. Para muita gente, se sorrimos é evidente que estamos felizes e ponto final, não há razão para ir além e na verdade a maioria das pessoas simplesmente se esquecem que somos e existimos muito além das aparências. Quantos sorrisos travados na arcada dentária já não demos? Aquele preso, sentido, porque qualquer movimento pode por tudo a perder e desmontar a aparência de pessoa feliz? Quantas vezes respondemos a frase: "está tudo bem?" com um automático "está tudo ótimo" e sentimos na garganta aquele nó, louco para desatar, para gritar "não, não está tudo bem". Aquele nó louco para acabar num abraço, num choro de libertação. Mas foi assim que aprendemos a ser. Aprendemos que os fracos não têm vez. Que não devemos chorar, não devemos demonstrar fraquezas para que os nossos inimigos não zombem de nós. Lamentável. Hoje, depois de tantas vitórias e tantas cicatrizes, faço a opção simples e despreendida de ser fraca, se assim for. Se bem que, pensando bem, é preciso ter muita coragem de ser quem se é e demonstrar a quem quer que seja, o que se carrega na alma. Obviamente não me refiro áqueles seres inanimados que vivem da própria tragédia, que se colocam no papel de pobres-inuteis-coitados e vivem à merce da caridade alheia, não! Defendo a coragem de deixar os olhos encherem-se de lágrimas quando alguém lhe pergunta fraternalmente se está tudo bem e definitivamente não está. Defendo a coragem de olhar nos olhos de alguém, falar a verdade, abrir a alma, o coração e a vida. Defendo a coragem que poucos têm de admitir que não é fácil e mesmo embora estejam tão doloridos e machucados, não abaixam a cabeça e nem usam-se disso para desistir, apenas seguem, chorando e sorrindo, levantando e caindo o caminho. Se bem que existe um fator importante aqui, os verdadeiros amigos. Para estes, não é necessário sequer falar. Ah! Mais um aprendizado, amigos verdadeiros são capazes de ver o coração. Mas estes, os tesouros preciosos, são raros e o cenário da vida abrange muita gente mais, gente que vive cada qual suas próprias preocupações, legítimas ou não, para querer saber o que se passa dentro de um coração fechado. A maioria pergunta “como vai você” ou “tudo bom” mais por educação do que por interesse em saber realmente como o outro vai. Faz parte do palco da vida onde cada qual representa seu papel. E quando as cortinas se fecham, fecha-se também o mundo em torno de si. A maioria das pessoas sentem-se sozinhas, choram sozinhas e oram em silêncio para que a solidão faça uma viagem para bem longe... Todo mundo parece tão preocupado com sua busca de felicidade, seu par perfeito, suas realizações... suas! Olhássemos nós um pouquinho mais para o lado e veríamos que não pode haver felicidade, ou perfeição, ou realizações se temos tudo, se conseguimos tudo, mas não conquistamos verdadeiramente um coração. As pessoas existem além das aparências, elas amam além das aparências, elas sofrem além das aparências. Elas simplesmente, são.
A gente aprende muitas coisas na vida, mas pouco aprendemos sobre olhar. Olhar dentro, pra dentro... fotografar em si as necessidades alheias e tentar supri-las com um interesse verdadeiro. A superfície engana tanto e tanto! Mas ninguém disfarça um olhar que brilha ou que chora. Existiria menos egoísmo e menos solidão se olhássemos mais nos olhos das pessoas, se compreendêssemos que para elas muitas vezes mais importante que um pedaço de pão é um pouco da nossa atenção.Um pouco de olhar pro nosso coração!
[Dani Arruda]