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quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Um dia para sonhar

Hoje eu vou estourar champagne, de fazer barulho, de molhar o chão e brindar de taças. Vou fechar os olhos e sentir o sol dentro de mim, aquecendo meu sangue, energizando os meus õrgãos, iluminando minha raça. Vou fazer bolo de chocolate com muita calda, lambuzar o rosto e fazer poses no espelho. Vou dar gargalhada, bem alta, bem mágica, num tom bem vermelho. Vou olhar a chuva da janela e imaginar o amanhã. Vou deitar no tapete bem fofinho, de costas, de pernas pro ar e cantar todas as canções pra os meus fãs. Vou escrever cartas de amor. Vou por flores no vaso e pintar um quadro que retrate a dor. Hoje eu vou orar, de joelhos, de alma, de coração. Vou sorrir para todos, vou dar bom-dia, vou perdoar, vou espalhar paixão. Hoje eu vou dançar "You are so beautiful" comigo mesma na sala de estar. Vou experimentar todas as minhas roupas e criar novas possibilidades ou deixar ficar. Vou reciclar o lixo, vou levar sacola para o mercado. Hoje vou mandar energias positivas para o mundo, vou mandar o meu recado. Hoje vou dar às mãos à menina que mora em mim e rodar, rodar, rodar, rodar, até cansar! Hoje eu vou reler cartas antigas, relembrar pessoas, momentos, cheiros, experiências, sabores, sensações que me transformaram no que sou hoje ou no que será. Vou mentaizar meus sonhos acontecendo, meus filhos nascendo, meus amigos prosperando, meu país renascendo. Hoje vou me orgulhar de ser simples, de ser alegre, de ver o mundo com lentes cor de rosa, de acreditar em príncipe encantado e em happy end. Hoje vou agradecer pelos meus olhos, pelos meus braços, dedos, mãos, joehos, pernas, pés, ouvidos, nariz, boca tão saudáveis e perfeitos. Vou agradecer pelo lar, pela cama quente, pelo leite na geladeira, pelo banho, pelo colo de um verdadeiro amor. Hoje eu vou agradecer pelos pais incríveis, irmãos formidáveis e amigos indescritíveis. Vou ser luz, vou ser paz, vou ser plena, vou ser capaz. Hoje eu vou fazer o melhor que eu posso ser, vou derrubar as barreiras, pular os obstáculos, vou à luta e vou vencer. Hoje eu vou ser bailarina, co-piloto, barman, manicure, aeromoça, escritora, cirurgiã plástica. Hoje eu vou fazer mágica. Vou ser o meu próprio super-herói, para não ter que mencionar a palavra heroína. Hoje eu vou ver fotos, assistir "Tomates verdes fritos" e o "Som do Coração" e vou chorar até dormir. Hoje eu vou me maquiar de drag, de rainha, de leoa e de palhaço. Hoje eu vou cozinhar para os amigos, brincar de mímica, vou viajar. Hoje vou para Espanha, França e Itália, vou à Africa do Sul e Suiça. Hoje minha alma não tem geografia. Vou ler "As pontes de Madison" e "Casório" pela milésima vez. Hoje eu canto em francês. Vou dançar todas as músicas da Xuxa e vou fazer bolinho de chuva com muito açúcar e canela. Hoje eu vou aceitar os meus erros e mandá-los embora. Vou fazer xixi em pé e tirar o bigode. Hoje eu serei tudo o que se pode. Vou cortar a grama, plantar uma árvore e sentir cheiro de café. Vou por a mesa, ler jornal e ter um dia perfeito. Hoje eu vou estudar Direito. E hoje eu não vou deixar que me digam o que fazer, o que ser, o que pensar, hoje eu demito o azar. Vou comer jabuticaba do pé, andar à cavalo e curtir a caminhada. Hoje eu vou cantar o Hino Nacional, com a mão no peito e com respeito. Vou sorrir um sorriso largo, doce, explêndido. Hoje vou nadar nua numa piscina quente e ficar olhando a lua da gente. Vou levar as crianças para passear e deixá-las me encantar. Vou procurar algum velhinho para conversar porque eles sempre têm boas histórias para compartilhar. Hoje eu vou dizer às pessoas que as amo e que as respeito como são. Hoje eu vou fazer mais de uma oração. Vou acender vela pro meu anjo da guarda e pedir desculpas. Hoje eu vou brincar. Vou sacudir estrelas, vou fazer canção de ninar. Vou desatar os nós e fazer um laço bem bonito, vou usar meu pingente do infinito. Hoje vou me conectar com a internet, com a natureza, com os anjos, com os mistérios da vida e com minha própria realeza. Hoje eu vou acordar e de olhos bem abertos eu vou ficar. Vou olhar em volta e enxergar aquilo que nem sempre queremos ver. Vou limpar as janelas e desenhar corações depois de "baforar" meu próprio ar. Hoje vou criar novas palavras e vou decorar. Vou passar por várias borboletas e acreditar que isso me dá sorte. Vou sonhar, acordada, dormindo, mas eu vou sonhar. Hoje e sempre eu vou acreditar que a vida é maravilhosa e que ela sempre vai ter a cor que eu pintar. Hoje eu só quero ser feliz e amar.
 
[Dani Andrade]

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

... Meu casamento ...

O dia do meu casamento ficará marcado na minha mente e no meu coração para sempre. Hoje me lembro de amigas me dizendo que valia à pena, que era uma sensação única e inenarrável e penso que elas estavam absolutamente certas. Valeu à pena. Tudo, absolutamente tudo valeu à pena. Um casamento começa muito antes da cerimônia e muito antes de qualquer preparativo. Trata-se de uma mudança interna, de uma reflexão séria sobre quem você é, o que você quer ser e como vai ser. Casar para mim foi como terminar uma longa faxina, aquela que demora muito para acabar porque existem muitas coisas para colocar no lugar, muita sujeira para limpar, muito lixo para por pra fora, mas quando você termina, com aquele cansaço desesperador e olha ao redor e vê aquilo tudo limpo, brilhando, cheiroso, cada coisa no seu lugar, você toma um delicioso banho, se deita e sorri, porque apesar do cansaço, você sabe que amanhã tudo será melhor. O casamento foi assim, um processo de mudança interna, de sérias reflexões, de escolhas, de desafios, de criação de novos sonhos, novas metas, novos rumos. E o processo não foi simples, muito menos fácil. Doeu, sangrou, inflamou, mas sarou e não deixou cicatrizes. Mas a decisão ou a percepção mais importante para mim neste processo, foi entender de uma vez por todas que a felicidade está dentro de nós. Que nada, nem ninguém tem o poder de nos fazer felizes. Aprendi algo que nunca mais vou esquecer: que ser feliz, depende única e exclusivamente de mim mesma, da minha auto-estima, do meu perdão para os meus próprios erros, do meu amor incondicional, da minha capacidade de rir de mim mesma, de me permitir tentar sem ter a certeza que vai ser como eu espero, da minha fé de que Deus me criou para viver uma vida plena e feliz. A partir deste momento, tudo mudou como em um passe de mágica. O Universo pode fazer a sua parte e conspirou para que todas as etapas fossem fluindo, serenas e definitivas. Eu me senti uma nova pessoa, mesmo sabendo que eu ainda era a mesma, algo no meu coração havia mudado para sempre, o meu olhar mudou, cresceu, melhorou. Passei a enxergar além das imagens, a escutar além do som, a amar além do convencional. Trata-se de um sentimento que sinceramente, acho impossível de explicar, impossível de descrever. É uma sensação de plenitude, de paz de espírito, de comunhão com Deus, com os anjos, com o Universo e com todo o mistério que nos envolve. Quando finalmente chegou o dia, eu estava numa banheira, relaxando no famoso "Dia da Noiva" e eu chorei, um choro libertador, profundo, fiel aos meus 32 anos de tantas experiências desagradáveis, tanto sofrimento de alma, tanta dificuldade de ser feliz. Chorei de soluçar por muitos minutos seguidos e sentia as lágrimas lavarem profundamente a minha alma, meu coração e a minha vida, como se elas estivessem me abençoando para recomeçar. E apesar do choro profundo, eu só conseguia agradecer à Deus por me dar a oportunidade de estar vivendo aquele momento e de sentir a felicidade pulsando no meu sangue e na minha alma. Depois daquele banho de lágrimas de libertação eu senti uma paz indescritível, me senti serena, me senti leve, me senti plena. O casamento estava marcado para as 19h e exatamente nesta hora foi que o cabelereiro foi finalizar o meu cabelo e mesmo sabendo que todos estavam me esperando e que o atraso estava absurdo, eu não consegui sentir nada além de paz e de certeza de que tudo iria dar certo. Quando cheguei na igreja e fiquei de frente para aquela porta enorme de braços dados com o meu pai, neste momento, eu comecei a viver minha experiência extra-corporal. Eu sai do meu corpo e pude me ver lá de cima. O ar estava quente, o céu estava limpo e a lua estava brilhante. Eu flutuei e me vi lá embaixo, com o homem que até aquele momento, era o mais importante da minha vida. De repente ouvi os clarins e senti o sangue fervendo correndo por minhas veias, o coração saltava do peito, as pernas tremiam e as lágrimas lutavam para sairem sem serem bloqueadas. A porta se abriu e olhei lá de cima, todas as pessoas que eu amo ali reunidas, por alguns instantes pensei que não iria suportar tanta emoção: a música, os braços do meu pai, Cristo me olhando nos olhos lá do alto daquela altar, todos os meus amigos e familiares... ainda não consigo imaginar uma situação (que eu tenha vivido) que pudesse superar isso. Eu flutuei, pelo tapete azul turquesa e pelos ares da igreja. Minha alma se confundia com meu corpo e eu já não sabia mais o que eu era. Eu era a felicidade em pessoa. Quando ele, meu presente de Deus, me deu a mão, meu coração simplesmente respirou profundamente, minhas pernas se firmaram, as lágrimas voltaram para dentro de casa e o sangue parou de ferver. Ao lado dele, eu só sentia paz. A partir deste momento eu não consegui pensar em nada, somente em agradecer à Deus e ao Universo por estar vivendo aquele momento e por ter me encontrado com a minha própria alma. 
 
[Dani Arruda Andrade]